Segundo a cirurgiã Talita Dantas, o acompanhamento regular com o dentista é fundamental e o papel do profissional vai além da avaliação superficial e inclui pedidos de exames aprofundados
Dia 25 de outubro é lembrado o Dia Mundial da Saúde Bucal e um estudo publicado em setembro, pelo Jornal da Sociedade Americana de Geriatria, mostrou que a má saúde bucal, principalmente o comprometimento da saúde periodontal (tecidos de suporte, como gengivas e ossos) pode estar associada ao declínio cognitivo e demência. Os pesquisadores analisaram 47 estudos relevantes sobre o tema e perceberam que existe relação entre os sintomas das doenças periodontais, a perda de dentes e o aparecimento das doenças citadas.
Segundo a cirurgiã dentista doutora em reabilitação oral, Talita Dantas, qualquer tipo de infecção ou contaminação presente na boca pode estar relacionado às doenças periodontais, que podem também causar riscos à saúde do paciente como um todo, como doenças cardíacas e até diabetes. “Quando negligenciadas, já temos comprovação de problemas cardíacos associados a infecções bucais, como a endocardite bacteriana, que ocorre quando as bactérias da boca entram na via sistêmica cardíaca e agrava a saúde do paciente. Agora, com os resultados desse estudo, vemos que os sinais bucais podem indicar também doenças cognitivas”, explica.
Qualquer infecção na boca que não possa ser controlada pode evoluir para uma infecção maior e generalizada, inclusive com risco de morte. Por isso, o acompanhamento com o dentista para limpeza e polimento dos dentes junto à avaliação clínica das gengivas, é recomendado pela Associação Americana de Odontologia e aplicado em quase todos os países do mundo. Junto à boa escovação e uso regular do fio dental, essas são as medidas para prevenir o aparecimento de doenças periodontais.
Para identificar que algo não vai bem: “Gengiva não sangra, dente não doi”
Talita explica ao mínimo sinal de sangramento gengival ou dores nos dentes é preciso buscar um especialista para investigar a origem desses problemas e atuar de maneira rápida e eficaz. “Dor, inchaço, sangramento e edemas não são coisas normais, então é preciso buscar atendimento e, claro, sempre escolher um profissional capacitado para perceber e avaliar todas as necessidades ou deficiências, sinais de infecções prévias antes de realizar o procedimento. O dentista deve priorizar todos os aspectos básicos iniciais já comentados e seguir as recomendações e condições específicas para iniciar qualquer tratamento e a participação do paciente nessa manutenção de sua saúde bucal também é fundamental.
Dentistas também podem pedir exames laboratoriais
Poucos pacientes sabem, mas os dentistas também podem pedir uma gama de exames, principalmente antes de realizar procedimentos cirúrgicos odontológicos ou estéticos. “Exames de sangue, lipidograma, hemograma, exames que envolvem avaliação de tempo de sangramento são alguns dos mais comuns antes de realizar procedimentos cirúrgicos. Para os tratamentos estéticos, o profissional pode pedir exames para avaliar os níveis ou deficiência de vitaminas, especialmente relacionadas à manutenção de colágeno e antioxidantes”, explica Talita.
Os exames realizados antes dos procedimentos cirúrgicos ajudam o dentista a investigar alterações importantes que possa comprometer a cirurgia, tempo de sangramento elevado, deficiências ou até a presença de infecção para diagnosticar alguma alteração sistêmica que comprometa a cirurgia. No caso de tratamentos estéticos, o objetivo é identificar deficiências para suplementação.