Quando se fala sobre Transtorno do Espectro Autista, sabemos que embora não exista um conjunto completo de características que definam a condição, há alguns padrões que estão presentes em quase todos os indivíduos com TEA. E um deles é o fato de, na maioria dos casos, terem dificuldade para lidar e interpretar algumas emoções.
Para as crianças com TEA entre 4 e 10 anos, uma boa ideia para ajudá-los a entender o que sentem é usar o Semáforo das Emoções (ou Semáforo Emocional).
“Essa técnica é muito usada por pais de crianças típicas, para situações em que os filhos estão chateados e são orientados para, no lugar da birra, marcarem no semáforo como se sentem. Dessa forma, quando a criança mostra o que está pensando, os pais podem conversar, explicar o que está acontecendo, encontrar caminhos etc. O mesmo acontece com as que tem TEA. Nesta fase, entre os 4 e 10 anos, elas já identificam as emoções básicas que estão sentindo, mas não conseguem gerenciá-las, respondendo proporcionalmente à situação que vivenciaram. E o Semáforo das Emoções pode ajudá-las a graduar suas emoções de uma forma muito visual e até divertida”
– explica a neuropsicóloga Bárbara Calmeto, diretora do Autonomia Instituto.
“Não há problema em sentir emoções. Ninguém precisa estar feliz 100% do tempo, nem mesmo as crianças. Mas, quando algo não está bem, é preciso saber lidar com isso. E sabendo como os pequenos se sentem, os pais podem ajudar no processo de colocar esse sentimento pra fora”
– complementa.
Para usar o método, é preciso explicar para a criança o que significa cada cor do semáforo, para que pontuem, por meio de cada cor, o sentimento que está dominando naquele momento.
“Eu sempre oriento as famílias a fazerem mais de um semáforo, já que haverá locais em que essa ajuda pode ser necessária e a criança pode querer se expressar por meio dessa técnica. Então, pode-se escolher um local em casa para colocar na parede e até levar uma versão menor na bolsa, no mesmo formato e, é claro, com as mesmas cores. Você pode dividir, por exemplo, dessa forma: no vermelho sentimentos de raiva, chateação, estresse. No verde alegria e satisfação. E no amarelo, assim como no semáforo do trânsito, os sentimentos que as crianças não conseguirem nomear nas outras duas cores e que, portanto, os pais e responsáveis precisarão ir mais a fundo para compreender”
– exemplifica.
Outra ideia que pode ser bastante interessante é montar os semáforos com as crianças, cortando, colando e escrevendo cada parte.
“Faça um quadro com as cores que conhecemos nos faróis (ou sinais, como chamamos em algumas cidades) e juntos, definam o que vai significar cada cor. Pergunte se quer adicionar algum sentimento à determinada cor, pois pode facilitar o processo de identificação da criança em relação ao que está sentindo”
– pontua Calmeto.
Uma outra forma de usar o semáforo é em relação à resolução dos conflitos. Nesse caso, no lugar de cada cor significar determinados sentimentos, o semáforo vai dar cada passo para lidar com aquela situação.
“Você pode colocar o vermelho para que a criança mostre quando não consegue lidar com uma emoção, como muita raiva, vontade de bater em alguém, ficar muito nervosos etc. Já no amarelo é a hora que, depois da criança se manifestar no vermelho, os adultos devem ajudá-lo a parar, pensar e perceber o problema que está enfrentando e o que está sentindo, é aquele momento de destrinchar melhor o que se passa. E no verde é a hora das soluções, depois que a criança falou o que sente, os adultos ouviram e todos, juntos, podem pensar em alternativas ou soluções para o acabar com o conflito ou o problema. É hora de escolher a melhor solução”
– diz Bárbara.
Em tempo: vale lembrar que o Semáforo de Emoções pode ser usado por todas as crianças para que expressem suas emoções.
“Essa não é uma técnica apenas para neurodiversos, mas para todos os pequenos”
– conclui Bárbara.