Exame simples de sangue, análise que dosa o hormônio anti-mülleriano, pode ser uma ferramenta útil ao planejamento familiar
A carreira profissional é cada vez mais relevante na vida das mulheres e uma pesquisa divulgada em 2019, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou a taxa de participação delas, em relação à força de trabalho, que já atingia 54,5%. Assim, o adiamento da gravidez vem sendo visto como a melhor opção, mas vai de encontro a uma reserva ovariana em declínio posto que, diferente do homem, que dispõe de gametas a vida inteira, a mulher apresenta um tempo definido para a produção de óvulos.
Na prática, o que acontece é que, a cada ciclo, centenas de óvulos são preparados, mas a mulher ovula apenas um, morrendo o restante. E, ao contrário do que se possa imaginar, esse estoque não se renova a cada ovulação, de modo que conforme transcorrem os anos, só ocorre a perda dele. Todavia, existe um exame com o qual é possível fazer uma espécie de “previsão da fertilidade feminina”: trata-se da análise que dosa o hormônio anti-mülleriano (HAM), um exame simples de sangue, que pode ser feito a qualquer momento do ciclo menstrual. Porém, segundo constatou o mais recente estudo da Famivita, 91% das brasileiras nunca fizeram tal análise.
Ainda conforme o estudo, mulheres na faixa etária dos 40 aos 44 anos são as que mais realizaram o exame, com 16%. Entre as mulheres tentando engravidar, 10% delas mencionaram terem efetuado o exame. Os dados por estado apontaram que em São Paulo e no Distrito Federal, 9% fizeram esse exame, já no Espírito Santo e no Rio de Janeiro, esse número foi de 14% e 7%, respectivamente.
Vale lembrar que, em geral, o ponto alto da fertilidade da mulher é visto na medicina como aproximadamente dos 18 até os 28 anos, dado que a reserva ovariana estaria no auge. Já entre os 32 e 35 haveria um bom potencial para a gestação, mas dessa idade até os 37, se dá uma queda acentuada referente à quantidade e qualidade dos óvulos. Tal cenário pode inclusive trazer uma maior possibilidade de riscos, especialmente a partir dos 40 anos.
A análise do hormônio anti-mulleriano se configura, assim, como uma ferramenta muito útil, especialmente quando é premente o dilema entre a carreira e as crianças. Isso porque tendo ao menos uma ideia do “nível de fertilidade”, haveria um maior planejamento sobre quando seria melhor acontecer a gestação – apressando ou retardando esse processo.