Apesar de burocracia para a compra desse tipo de medicamento, muitas pessoas acabam tomando sem orientação e sem necessidade, o que segundo psiquiatra pode trazer malefícios para a saúde
São Paulo, janeiro de 2023 – Os remédios que controlam a ansiedade, entre eles antidepressivos e ansiolíticos, fazem parte de uma lista dos medicamentos mais consumidos no Brasil, de acordo com um estudo realizado pela Funcional Health Tec. Segundo a pesquisa, as mulheres na faixa dos 40 anos são as que mais utilizam a droga, que só devem ser comercializadas com receita médica.
Um levantamento feito pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF), mostrou que, durante a pandemia da Covid-19, em 2020, houve um aumento de cerca de 14% nas vendas de antidepressivos e estabilizantes de humor – medicamentos usados em casos de depressão, ansiedade, compulsão alimentar, transtorno afetivo bipolar, entre outras condições. A pesquisa mostra que, no Brasil, o número de unidades desse tipo de droga vendidas entre janeiro e julho de 2019 pulou de 56,3 milhões para 64,1 em comparação com o mesmo período de 2020.
O Dr. Sérgio Rocha, médico psiquiatra e diretor da Clínica Revitalis, explica que muitas pessoas fazem uso dessas medicações sem nenhum tipo de orientação, o que pode ser extremamente perigoso.
“É necessário ter cuidado ao fazer uso de qualquer tipo de remédio, até mesmo aqueles que parecem ‘inofensivos’, mas quando falamos de antidepressivos, o cuidado deve ser intensificado”
– Comenta o especialista.
Esses medicamentos são usados para tratar outros problemas, além da depressão, como transtornos de ansiedade, transtornos alimentares, distúrbio do sono, disfunção sexual, dores crônicas, entre muitas outros, e é por isso que muitas pessoas acabam usando por conta própria.
“Tem pessoas que tomam para conseguir dormir durante uma viagem, por exemplo, ou para diminuir o apetite, sendo que na maioria das vezes, elas estão apenas expondo sua própria saúde sem nenhuma necessidade”
– Completa ele.
Os perigos dos antidepressivos sem orientação (e necessidade)
Qualquer remédio tem efeitos colaterais que podem provocar desconfortos físicos e problemas mais graves, que exigem até mesmo hospitalização.
“Entre os efeitos colaterais dos antidepressivos, podemos destacar taquicardia, disfunção sexual e as reações anticolinérgicas. Mesmo os medicamentos mais modernos ainda possuem alguns efeitos, como problemas gastrointestinais, alterações no sono, nível de energia e cefaleia”
– Explica o Dr. Sérgio.
Mais um agravante desse tipo de medicamento é que ele pode causar dependência e, com orientação médica, a retirada da droga é feita da maneira correta.
“O `desmame’ da medicação é feito dependendo de cada caso e de cada paciente, coisa que só um profissional saberá fazer corretamente”
– Comenta.
O psiquiatra também explica que existem muitos tipos de remédios para o mesmo problema e, mesmo com a orientação médica, muitos pacientes precisam trocar a medicação e a dosagem até se adaptar.
“É por isso que é sempre importante consultar um médico. Com tantos medicamentos disponíveis, apenas um profissional pode indicar qual é o mais adequado para cada situação e também pode orientar o paciente caso surja algum efeito colateral mais grave”
– Finaliza.