Neurologista aponta as três principais razões para o aumento da incidência
São Paulo, janeiro de 2023 – Se você sofre com cefaleia, popularmente conhecida como dor de cabeça, já deve ter percebido que durante os meses mais quentes do ano a incidência aumenta. E, se até agora, você pensou que era apenas uma coincidência, acredite: isto é realmente um fato. Estudos já mostraram que para cada cinco graus a mais na temperatura, a ocorrência de dor de cabeça aumenta em cerca de 7%.
Segundo a médica neurologista e membro titular da Academia Brasileira de Neurologia, Dra. Inara Taís de Almeida, o corpo passa por adaptações e mudanças de acordo com o clima e com a temperatura. O que é natural e saudável, mas que para quem sofre com enxaqueca pode ser algo negativo.
“A razão da dor de cabeça ser mais frequente no verão é justamente porque o calor facilita a desidratação. E quando ficamos desidratados acontece uma alteração no metabolismo provocada pelo desequilíbrio de sódio e potássio no interior das células, o que pode ser um gatilho para dores pré-existentes. Por isso, caso o paciente já conviva com a cefaleia, naturalmente irá desencadear a dor se estiver desidratado”
– Explicou.
Outro ponto importante é a qualidade do sono durante o verão, que fica prejudicada por conta do calor e da mudança de rotina. É comum nessa época que as pessoas viagem com mais frequência, demorem para dormir e acordem mais tarde porque estão de férias.
“Quando o sono não é bom, o corpo não consegue atingir o estágio mais profundo do sono, chamado REM, sendo neste período em que o organismo regula as taxas hormonais. Se isso não acontece, os níveis de serotonina ficam alterados e ativam as dores de cabeça. Então, caso o paciente durma muito, pouco ou mal, todas as mudanças serão possíveis armadilhas para o aparecimento da dor. Por isso, nós orientamos que pessoas com dores crônicas priorizem o sono e mantenham a rotina mesmo durante as férias”.
E se o verão é época de férias, isso significa que também é um tempo de festas, muitas vezes regadas por bebida alcoólica, outro gatilho que faz a incidência de cefaleia aumentar. A ingestão de bebidas com teor alcoólico afeta o bom funcionamento dos órgãos, que precisam trabalhar a mais para conseguir quebrar a molécula de álcool presente no organismo. Não bastasse isso, é, também, uma das principais causas de desidratação no verão.
Então, para quem não abre mão das viagens e dos drinks durante os dias de lazer, a sugestão é que evite ficar diretamente exposto ao sol, beba ainda mais água do que o de costume, cuide da alimentação e tente manter os horários habituais para dormir e acordar. E, se mesmo assim, a cefaleia aparecer, use compressas de água fria na cabeça para aliviar os sintomas e reserve um momento de descanso.
Sobre a especialista
Dra. Inara Taís de Almeida – Neurologista e Neuroimunologista de São Paulo, membro titular da Academia Brasileira de Neurologia. Graduação em Medicina pela Faculdade de Tecnologia e Ciências e residência médica na Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Fellowship clínico (especialização) em Neuroimunologia no Ambulatório de Doenças Desmielinizantes na Universidade Federal de São Paulo – Unifesp.
Instagram: @inara.neuro