O urologista Carlo Passerotti relata que casos graves, que levam até a perda do rim, podem ser evitados com a simples observação desse comportamento
Os especialistas em doenças do aparelho urinário apontam a corrida da criança ao banheiro pode ser um ponto de atenção para os pais. Para eles, o gesto quase natural indica que aquela criança prendeu o xixi por tanto tempo prolongado, que só correu para o banheiro quando já não aguentava mais segurar a vontade de urinar.
Uma das consequências desse comportamento são as infecções do trato urinário (ITU). Uma doença que atinge 2% dos meninos até 2 anos é até 11% das meninas até os 7 anos, segundo estudos divulgados no Manual de UROPEDIATRIA, produzido pelas Sociedades Brasileiras de Urologia e Pediatria.
Ainda segundo o estudo, a ITU pode ser um marcador para outras anomalias do aparelho urinário, algumas com risco de sepse e de cicatrizes renais, que a longo prazo, podem levar a sérios problemas, como cálculos renais, hipertensão e até a pielonefrite (infecção nos rins), podendo levar a perda de função renal.
“Uma corrida ao banheiro é muito comum na infância. Até 70% das crianças podem apresentar disfunções miccionais. A criança prefere brincar, prefere fazer outras atividades do que fazer xixi.
Apesar de esse ser um comportamento natural, os pais devem estar atentos a repetição porque pode indicar a existência de um problema de saúde”, explica o urologista, Carlo Passerotti.
Segundo o médico, esse ato repetitivo já pode ser o sinal de algum problema na bexiga ou no canal da uretra. “A criança não nasce com uma próstata desenvolvida, como o adulto. Mas outras causas, podem geral essa dificuldade, como por exemplo um estreitamento no canal da urina, que pode ser uma estenose, ou uma válvula de uretra posterior, e isso pode gerar dificuldade para urinar. Ou, se tiver um problema na bexiga. Essas causas precisam ser investigadas”, alertou Dr. Carlo.
O especialista enfatizou a importância da avaliação médica imediata e explicou que o tratamento desses problemas, quando identificados, não costumam ser necessariamente complexo. Na maioria das vezes, um treinamento miccional, ou uma conscientização já resolvem. Algumas causas, podem necessitar de tratamento cirúrgico.
Sobre do Dr. Carlo Passerotti
Estudou Medicina na Escola Paulista de Medicina (EPM), e também, mestrado e Doutorado, na Universidade Federal de São Paulo. Pós-doutorado em cirurgia robótica na Harvard Medical School, Boston, onde foi o primeiro brasileiro a ser certificado e treinado em cirurgia robótica. Atualmente é Professor Livre-docente pela Faculdade de Medicina da USP, orientador na pós-graduação da Universidade de São Paulo, e coordenador do serviço de Urologia e Cirurgia Robótica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.