Gerenciando a perda de cabelo da quimioterapia

Beleza Saúde

Especialista dá dicas de como enfrentar uma das fases mais difíceis do tratamento do cancêr

Outubro é o mês de prevenção ao câncer de mama no Brasil. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2022 foram estimados 66.280 novos casos, com uma taxa de incidência de 43,74 casos por 100 mil mulheres; enquanto os homens representam cerca de 1% de casos.

O tratamento mais conhecido e utilizado por quem foi diagnosticado com a maioria dos tipos de câncer é a quimioterapia, porém ela traz efeitos colaterais, e um dos principais é a queda de cabelo, que para as mulheres é considerada uma das etapas mais difíceis do tratamento.

O especialista em transplante e medicina capilar, Ronaldo Borges (@drronaldoborges) aponta uma série de dicas para enfrentar esse período como forma de diminuir o impacto do processo. Confira:

PREPARAÇÃO PARA A QUEDA DE CABELO:

  • Uso de tocas frias e de resfriamento do couro cabeludo: são bem semelhantes aos métodos utilizados na própria sessão de quimioterapia, preenchidos com gel ou líquido que refrigera a área;
  • Cortar o cabelo antes do início do tratamento: pode ajudar a se acostumar com o novo visual. Alguns salões de cabeleireiro oferecem corte gratuito para pessoas que estão sofrendo com a perda de cabelo por conta da quimioterapia;
  • Começar a usar lenços, chapéus e turbantes: além da proteção, ajudam a disfarçar a queda de cabelo, por serem opções variadas é possível testar qual fica melhor em cada pessoa;
  • Comprar uma prótese capilar pode ser uma opção: você pode escolher a que mais lhe agrada e mais combina com o cabelo natural, antes que haja a queda. Existem iniciativas de doação de cabelo para a produção de perucas para quem sofre o efeito do tratamento.

CONTROLE DA PERDA DE CABELO:

  • Depois de perder o cabelo, continue a lavar o couro cabeludo com shampoo e condicionador suaves para remover o excesso de óleo e a pele seca;
  • Se preferir ficar sem coberturas para a cabeça, quando sair ao sol, proteja o couro cabeludo usando um chapéu, cachecol ou protetor solar com FPS 30 ou superior;
  • Trate o cabelo restante ou o novo crescimento suavemente. Durante a quimioterapia e por alguns meses depois, evite tintura de cabelo, descolorante, peróxido, relaxantes e outros tratamentos químicos. Também é melhor evitar secadores de cabelo, itens de ondulação, rolos quentes e outras ferramentas de modelagem aquecidas;
  • Não espere que seu novo cabelo fique exatamente igual ao antigo quando crescer novamente. Pode haver uma cor, textura ou espessura diferente;
  • Tenha em mente que, embora a perda de cabelo da quimioterapia seja um desafio, algumas pessoas acham que podem se distrair e ganhar uma sensação de controle experimentando novos looks – seja tentando uma peruca diferente do seu estilo de cabelo habitual, colocando um gorro e um lenço, ou abraçando a aparência de cabelo muito curto ou sem cabelo;
  • Se você terminou o tratamento de quimioterapia e seu cabelo não está crescendo novamente ou está mais fino do que no passado, considere consultar um tricologista. O profissional pode avaliar se outros fatores além da quimioterapia podem estar contribuindo para sua perda de cabelo, como doença da tireóide, deficiência nutricional, estresse ou um distúrbio capilar, como alopecia areata ou alopecia cicatricial centrífuga central, e pode recomendar tratamentos. Se possível, procure um tricologista especializado em queda de cabelo ou um oncotricologista que se concentre em problemas com cabelo, pele e unhas que podem se desenvolver durante o tratamento do câncer.

É possível realizar transplante capilar se for necessário após a cura do câncer?

Segundo Ronaldo, é sim possível, mas temos que aguardar a retomada saudável do crescimento dos fios, não devemos ter pressa nesse momento. Cabe estimularmos esse crescimento saudável com vitaminas e medicamentos que vão levar nutrientes específicos a esse local que foi atacado pelos quimioterápicos como exemplo temos o microagulhamento com drugdelivery e a terapia regenerativa que podem ser realizados com intervalos mensais e são bem confortáveis de fazer já que são rápidos (em torno de 20 minutos) e não necessitam de cuidados especiais após.

Após a otimização de todo couro cabeludo com tratamento intenso e dos exames laboratoriais podemos pensar em transplante caso o tratamento não tenha atingido o resultado esperado pelo paciente ou tenha chegado ao seu limite clínico. Esse tempo mínimo seria de 1 ano até toda metabolização e controle do câncer junto ao oncologista.

COMO LIDAR COM A PERDA DE SOBRANCELHA E CÍLIOS: 

Para sobrancelhas:

  • Use produtos de maquiagem, como lápis de sobrancelha, pós de sobrancelha, gel de sobrancelha colorido e kits de estêncil de sobrancelha para criar uma forma natural de sobrancelha ou para ajudar a preencher áreas espaçadas;
  • Tente sobrancelhas artificiais ou tatuagens temporárias, que estão disponíveis em vários tons e formas. Normalmente, eles são aplicados na pele com adesivo especial. Se você está pensando em testar sobrancelhas adesivas ou tatuagens temporárias, verifique se sua pele é sensível ao adesivo e tenha cuidado ao removê-las, pois isso pode arrancar alguns dos pelos restantes.
  • Tatuagens de sobrancelha semipermanentes (criadas com uma técnica conhecida como microblading) podem parecer bastante naturais e durar de 12 a 18 meses. A microblading é feita em salões especializados por técnicos licenciados. Se você está pensando em microblading, verifique com seu oncologista. Ele ou ela provavelmente recomendaria que você esperasse até terminar a quimioterapia antes de fazer o método devido ao risco de infecção e de ser sensível ao pigmento.

Para cílios:

  • Use técnicas de maquiagem que podem ajudar a definir melhor seus olhos e dar a ilusão de cílios – por exemplo, aplicar delineador ou aplicar rímel com um pincel inclinado ao longo da linha dos cílios.
  • Cílios postiços estão disponíveis em vários estilos, comprimentos, cores e espessuras. Se você experimentá-los, verifique se sua pele é sensível ao adesivo e tenha cuidado ao removê-los, pois você pode rasgar os cílios naturais restantes. O tipo de extensões de cílios mais duradouras que são aplicadas em um salão geralmente não são recomendados para pessoas que passaram por quimioterapia devido ao risco potencial de uma reação alérgica, infecção ou perda permanente de seus cílios naturais se você continuar recebendo novas extensões.
  • Latisse (nome químico: bimatoprost) – é um medicamento de prescrição que pode aumentar o crescimento dos cílios. É uma solução que você aplica ao longo da pele na base dos cílios superiores diariamente por pelo menos dois meses ou mais. Latisse é normalmente prescrito por um dermatologista após a conclusão da quimioterapia. Se você estiver interessado em experimentá-lo, não deixe de conversar com seu dermatologista sobre possíveis efeitos colaterais, como escurecimento temporário da pele da pálpebra, erupção cutânea com coceira nas pálpebras e aumento permanente da pigmentação marrom na parte colorida da pálpebra. o olho (íris). Este último efeito colateral é raro, mas deve ser levado em consideração, especialmente se você tiver olhos de cor mais clara.

FONTE: 

Ronaldo Borges (@drronaldoborges), médico anestesiologista e tricologista, especialista em transplante e medicina capilar.

O médico anestesiologista e tricologista carioca, Dr. Ronaldo Borges tem mais de uma década de atuação com os mais diversos tipos de pacientes e, posteriormente a anestesiologia, se especializou em transplante capilar, área onde se destaca. Graduado em medicina pela Faculdade de Medicina Souza Marques, Anestesiologista pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) e pós-graduado em tricologia pela Faculdade BWS.

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