O envolvimento dos pais e cuidadores fortalece os resultados da fisioterapia e também das demais áreas da habilitação infantil, promovendo o desenvolvimento motor e emocional de crianças com o desenvolvimento atípico
Dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2022, indicam que existem aproximadamente 760 mil crianças no Brasil, entre dois e nove anos, que apresentam algum tipo de deficiência. Esse número representa 4,1% da população total de deficientes no país, que soma 18,6 milhões de indivíduos.
Dentre essas crianças, muitas enfrentam desafios significativos no desenvolvimento, o que inclui uma condição muito prevalente na infância, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Nesse contexto, o apoio familiar desempenha um papel fundamental nos tratamentos necessários, incluindo a fisioterapia.
“A intervenção da fisioterapia no desenvolvimento das habilidades motoras, além das habilidades sociais e de comunicação, pode promover a independência das crianças com desenvolvimento atípico”, afirma a Prof.ª Dra. Juliana Bilhar, fisioterapeuta com doutorado e mestrado em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) e especialista em Fisioterapia Neurofuncional.
A especialista enfatiza que o apoio da família é essencial para maximizar os resultados das sessões de fisioterapia. Quando os pais e familiares se envolvem ativamente, seguindo as orientações dos profissionais e praticando as atividades orientadas em casa, os avanços se tornam mais rápidos e significativos. Esse envolvimento não só fortalece o vínculo entre a família e a criança, mas também cria um ambiente mais favorável ao aprendizado e à superação dos desafios que surgem durante o desenvolvimento infantil.
“A participação da família é mais importante do que a de qualquer profissional que esteja acompanhando a criança, e a continuidade das atividades em casa é fundamental para o sucesso do tratamento. Pais e cuidadores podem reforçar as atividades prescritas, como brincadeiras para o equilíbrio, jogos que envolvam a coordenação motora, e estes podem ser facilmente integrados à rotina familiar”, afirma a Dra. Juliana.
Ela ainda destaca que a brincadeira pode ser uma grande aliada nesse processo: “Ao transformar os exercícios em atividades lúdicas, como jogos ou desafios divertidos, os pais tornam o momento mais agradável para a criança e estimulam o desenvolvimento motor de forma natural e prazerosa”.
Segundo a fisioterapeuta, o papel dos pais vai além da prática física. “O envolvimento familiar cria um ambiente de acolhimento e estímulo, essencial para o progresso emocional e social da criança.
Com brincadeiras e encorajamento diário, os pais reforçam não só os ganhos motores, mas também ajudam a criança a enfrentar desafios e superar frustrações, potencializando o impacto da fisioterapia”, finaliza a especialista.
Sobre a Prof.ª Dra. Juliana Bilhar – Fisioterapeuta, Doutora e Mestre em Ciências pela USP, especialista em Fisioterapia Neurofuncional pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e em Doenças Neuromusculares pela Unifesp.