Dieta do TDAH

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Saiba como a nutrição pode melhorar a qualidade de vida

O dia 13 de julho é conhecido como o Dia Mundial do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH). As dietas desempenham um papel crucial na saúde física e mental, e isso inclui o tratamento do transtorno. A abordagem alimentar pode ser uma aliada poderosa no manejo dos sintomas do TDAH, ajudando a promover a concentração, reduzir a impulsividade e melhorar a função cognitiva. Especialistas em nutrição e psiquiatria comentam sobre o assunto.

Embora a dieta por si só não seja uma cura definitiva para o TDAH, pode complementar outras intervenções terapêuticas e proporcionar uma base sólida para a saúde geral. É importante ressaltar que cada pessoa é única e pode responder de maneira diferente à dieta do TDAH. É fundamental buscar orientação individualizada de um profissional de saúde, como um nutricionista, para adaptar a dieta às necessidades específicas de cada indivíduo.

Ao combinar a nutrição adequada com outras intervenções terapêuticas, como terapia comportamental e medicamentos, é possível criar um plano abrangente e holístico para o manejo do TDAH. Com conhecimento e orientação adequados, a dieta pode ser um componente valioso no caminho para uma vida mais equilibrada e produtiva para aqueles que vivem com o transtorno.

De acordo com Philipe Diniz, médico psiquiatra do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), mestre em saúde coletiva pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Professor de pós-graduação (Universidade Celso Lisboa), a relação entre alimentação e o TDAH é muito importante por ser uma questão do desenvolvimento desde a infância. “A gente sabe que micronutrientes fundamentais como vitaminas e minerais são importantes para isso e temos que lembrar que a criança tem um índice metabólico aceleradíssimo nesses primeiros anos de vida”, comenta. 

O médico psiquiatra diz que há um consumo muito grande de industrializados, de conservantes, alimentos multiprocessados e agrotóxicos que vão acabar tendo déficit em termos de nutrição. Alguns suplementos como magnésio, ferro e cobre, são nutrientes fundamentais para formação de neurotransmissores que são importantíssimos para o funcionamento do desenvolvimento cerebral. Então uma carência em um grau pode ser não só um fator, mas uma piora do desenvolvimento do cérebro com TDAH. Então a gente sabe que nos primeiros anos de vida isso pode afetar muito esse desenvolvimento.

Sobre a dieta ser considerada como um componente essencial no tratamento do TDAH, ou ser apenas um complemento opcional, Philipe aponta que quando nós pensamos em criança em TDAH é fundamental e essencial que avaliar algumas carências que sabemos estar envolvidas com formação de neurotransmissores importantes para o desenvolvimento cerebral. “Por exemplo, precisamos avaliar a quantidade de açúcar, pois o açúcar é proibido já que altera muito o metabolismo por ser uma grande fonte energética, ainda oriento sobre outros estimulantes como cafeína, Coca-Cola e refrigerante, que pode aumentar os sintomas”.

Géssica Ortiz, nutricionista do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoIdeais), se especializando em nutrição esportiva pela Universidade VP Centro de Nutrição Funcional RJ, responde algumas perguntas voltadas para a prática nutricional na dieta do TDAH, confira:

Quais alimentos são recomendados para ajudar a melhorar a concentração e reduzir os sintomas do TDAH?

São recomendados alguns alimentos para ajudar a melhorar ainda mais a concentração e reduzir os sintomas, que são:

  • Peixes ricos em ômega-3: salmão, sardinha e atum são boas fontes de ácidos graxos ômega-3, que têm sido associados a melhorias na função cerebral. Esses alimentos podem ajudar a melhorar a concentração e reduzir os sintomas do TDAH.
  • Frutas e vegetais frescos: frutas e vegetais são ricos em vitaminas, minerais e antioxidantes, que são essenciais para uma função cerebral saudável. Opte por variedades coloridas, como espinafre, brócolis, laranjas, mirtilos e morangos.
  • Proteínas magras: alimentos ricos em proteínas magras, como frango, peru, ovos, feijões e lentilhas, fornecem aminoácidos que são importantes para a produção de neurotransmissores, como a dopamina, que desempenham um papel no TDAH.
  • Grãos integrais: alimentos como arroz integral, aveia, quinoa e pão integral contém carboidratos complexos que liberam energia de forma mais lenta e constante, ajudando a manter os níveis de açúcar no sangue estáveis e proporcionando um fornecimento de energia mais sustentado.
  • Nozes e sementes: amêndoas, castanhas, nozes, sementes de abóbora e chia são boas fontes de ácidos graxos ômega-3, vitaminas do complexo B, zinco e magnésio, que podem ajudar a melhorar a função cerebral.

Quais são os principais nutrientes que desempenham um papel importante na dieta?

Pensando em visar alimentação no tratamento, existem alguns nutrientes que desempenham um papel importante. Aqui estão alguns dos principais:

  • Ômega-3: ácidos graxos ômega-3, encontrados em peixes como salmão, sardinha e atum, têm sido associados a benefícios no TDAH. Esses ácidos graxos são importantes para a função cerebral saudável.
  • Proteínas: as proteínas são essenciais para o funcionamento adequado do cérebro. Inclua fontes de proteína magra, como frango, peixe, ovos, feijões e lentilhas, em sua dieta.
  • Vitaminas do complexo B: vitaminas B, como a vitamina B6 e B12, desempenham um papel importante no metabolismo cerebral. Alimentos ricos em vitamina B incluem carne, aves, peixe, ovos, laticínios, grãos integrais e vegetais de folhas verdes.
  • Minerais: minerais como ferro, zinco e magnésio podem ser importantes para pessoas com TDAH. Esses minerais podem ser encontrados em alimentos como carnes magras, peixes, nozes, sementes, legumes e grãos integrais.

Existem alimentos específicos que devem ser evitados ou limitados?

Embora não haja alimentos específicos que devam ser completamente evitados na dieta, algumas sugestões podem ajudar a minimizar os sintomas e promover um estilo de vida saudável. Aqui estão algumas considerações:

  • Açúcares refinados: alimentos açucarados, como doces, refrigerantes e sucos adoçados, podem levar a picos de açúcar no sangue e subsequentes quedas, o que pode afetar a concentração e a energia. É recomendado limitar o consumo de açúcares refinados.
  • Cafeína em excesso: embora a cafeína possa proporcionar um impulso temporário de energia e concentração, o consumo excessivo pode causar agitação e dificuldade para dormir. É recomendado limitar a ingestão de café, chá preto, refrigerantes cafeinados e energéticos.
  • Alimentos processados e fast-food: esses alimentos geralmente são ricos em gorduras saturadas, aditivos alimentares e baixos em nutrientes essenciais. Opte por alimentos frescos e não processados sempre que possível.
  • Corantes e aditivos artificiais: se atentar aos rótulos na hora em que for comprar um alimento, pois certos corantes e aditivos alimentares podem afetar o comportamento em crianças com TDAH. 
  • A dieta do pode ser adaptada para atender às necessidades alimentares individuais, como restrições alimentares ou preferências pessoais?

Géssica diz que sim, pode ser adaptada para atender às necessidades alimentares individuais, como restrições alimentares ou preferências pessoais. Embora existam diretrizes gerais de alimentos benéficos para o TDAH, é importante considerar a individualidade de cada pessoa ao criar um plano alimentar.

Caso o indivíduo tenha algum tipo de restrição alimentar, como alergias, intolerâncias ou escolhas dietéticas específicas, um nutricionista ou médico pode ajudar a ajustar a dieta, garantindo que todas as necessidades nutricionais sejam atendidas.

Além disso, considerar as preferências pessoais é essencial para tornar a dieta do TDAH mais sustentável e agradável para ajudar ainda mais na adaptação da dieta de acordo com as necessidades individuais, garantindo que os alimentos adequados sejam incluídos, ao mesmo tempo em que se respeita as preferências pessoais.

Quais são as recomendações gerais para a implementação e manutenção da dieta a longo prazo?

A nutricionista indica algumas recomendações gerais:

  • Procurar um profissional da saúde: é fundamental consultar um médico ou nutricionista especializado em TDAH para obter orientações personalizadas. Eles podem ajudar a criar um plano alimentar adequado às necessidades individuais, considerando restrições, preferências e metas específicas.
  • Planejamento e organização: planeje suas refeições com antecedência e faça uma lista de compras com alimentos saudáveis. Ter alimentos adequados disponíveis em casa facilita seguir a dieta. Experimente preparar refeições em lotes e congelar porções para facilitar durante a semana.
  • Foco em alimentos integrais: priorize alimentos frescos, naturais e não processados. Isso inclui frutas, legumes, grãos integrais, proteínas magras, peixes ricos em ômega-3 e gorduras saudáveis, como abacate e nozes.
  • Equilíbrio nutricional: certifique-se de obter uma variedade de nutrientes essenciais, como vitaminas, minerais e antioxidantes. Inclua alimentos ricos em ômega-3, proteínas, vitaminas do complexo B e minerais importantes, como ferro, zinco e magnésio.
  • Monitoramento dos sintomas: observe atentamente como a dieta afeta os sintomas do TDAH. Faça anotações sobre os alimentos consumidos e como eles podem influenciar a energia, concentração e bem-estar geral. Isso pode ajudar a identificar quais alimentos são mais benéficos ou problemáticos para cada indivíduo.
  • Estilo de vida saudável: lembre-se de que a dieta é apenas um componente do tratamento do TDAH. É importante adotar um estilo de vida saudável, incluindo atividade física regular, sono adequado, gerenciamento de estresse e outras estratégias complementares recomendadas pelo médico.
  • Acompanhamento regular: agende consultas regulares com um profissional de saúde para monitorar o progresso, fazer ajustes na dieta, tirar dúvidas e receber apoio contínuo.

REFERÊNCIAS:

Viudes, D. R., & Brecailo, M. K. (2014). Nutrição no transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). REVISTA FUNEC CIENTÍFICA-NUTRIÇÃO-SEM CIRCULAÇÃO, 2(3), 16-31.

Araújo, A. K. F. P., Marques, S. J. S., Bezerra, K. C. B., & Ibiapina, D. N. F. (2020). Consumo alimentar e as implicações de deficiências nutricionais em escolares com déficit de atenção e hiperatividade: uma revisão. Research, Society and Development, 9(10), e6399108974-e6399108974.

Curado¹, H. T. A. M., Melo¹, J. S., Silva¹, K. A., Luiza, M., Brandão¹, M. L. B., & de Oliveira, R. R. (2019). As implicações da alimentação e seus distúrbios no TDAH em crianças.

Rodrigues, G. M., Souza, D. A., Pimentel, L. C., Ferreira, K. D., & Perônico, J. L. (2023). AS IMPLICAÇÕES DA ALIMENTAÇÃO E SEUS DISTÚRBIOS EM CRIANÇAS COM TDAH. Revista Liberum accessum, 15(1), 37-43.

FONTES: 

Philipe Diniz, médico psiquiatra do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), mestre em saúde coletiva pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Professor de pós-graduação (Universidade Celso Lisboa).

Graduado em medicina pela Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP), com residência em psiquiatria e mestrado em saúde coletiva pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Géssica Ortiz, nutricionista do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoIdeais), se especializando em nutrição esportiva pela Universidade VP Centro de Nutrição Funcional RJ. CRN: 22102674.

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